domingo, 4 de dezembro de 2011

Quando dei por mim, já tinha voltado aos meus instintos. Estava com a cabeça apoiada numa almofada com cheiro a canela e um cobertor enorme, encarnado. Estava escuro, muito escuro. Ou talvez, não assim tão escuro., pois via-se pequenos pontos luminosos salpicados nas janelas. Calculei que fosse noite. Antes de começar a fazer perguntas soltas ou a vaguear pela sala vazia tentei medir a minha sanidade mental. "Não estava má de todo." Sentei-me, tentando distinguir os tons mais claros dos mais escuros, da sala. O dono das mãos melodiosas caminhava lentamente na minha direcção. Comecei a ter a sensação que devia estar com um aspecto horrível e estava também com um gosto amargo na garganta, que se alastrava até à língua. Devagar, ele pousou a mão na minha cabeça e acarinhou-a. Acho que murmurei algo parecido a "não estou a entender" e de seguida ele apontou uma direcção com o dedo indicador, mostrando-me o caminho para a casa de banho. O sorriso amável dele já me estava a mexer com o sistema nervoso, confesso. Levantei-me rapidamente, fiquei com tonturas, mas tentei caminhar o mais normalmente possível até à casa de banho. Liguei a água quente e fiquei a senti-la, escorrer pelos nós dos dedos e brincando com ela. De seguida despi-me e entrei na banheira., deixando a água caminhar pelo meu corpo perturbado. Mas que raio?..
Esqueci o resto, a água absorveu-me por instantes.

3 comentários:

M disse...

não sei, por vezes sinto que não vale a pena, não há amor suficiente, e não quero prolongar algo que vá dar em sofrimento.

Sofia ☮ disse...

gostei imenso! :)

Maeve disse...

adorei! (: