terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tudo me parecia, de certa forma, desconhecido. A palidez do quarto, o forte aroma a cigarro e três maços vazios, o café e o cacau quente entornados sob o tapete, os papeis dos chocolates mars escondidos por baixo da cama, as roupas espalhadas pelos vários cantos da casa, a janela semi-aberta, a voz muda e rouca do silêncio, os livros caídos da prateleira, os olhares desconfiados do espelho e as recentes memórias da exaltada noite anterior. À medida que ia caminhando pelo corredor, tudo começou a fazer mais sentido. A parecer-me algo familiar. Mas quem seria aquela figura pouco estranha que imitava todos os meus movimentos e expressões? E porque me parecia tão assustada? De qualquer das formas, sentei-me no pequeno sofá da sala de estar, que se encontrava ao lado do piano, com a cabeça entre as pernas. Sem pensar em nada. Deixei-me estar assim, uns tempos que não soube definir. Podiam ter sido anos, até. Os olhos pesavam-me como dois grandes tijolos e deixei-os cair, por fim. Senti alguém tocar-me cautelosamente nos cabelos, eram uns dedos bonitos. Sabia-o só pelo seu toque. E eram bem perspicazes, os meus ouvidos não enganam, e a melodia que tocara também não. Não consegui saber mais, adormeci.

     

4 comentários:

han disse...

porque é assim que as coisas funcionam.

bruni disse...

que coisa estranha e bonita, adorei.

bruni disse...

sim, estranha e maravilhosa! tal como este texto e o teu cantinho :) sigo também princesa

joe disse...

gostei muito do blog, está super lindo *.*
vou seguir, se quiseres passa pelo meu cantinho e deixa um comentário a dizeres o que quiseres :$
beijinhos :)